Essa casa não é só minha. Este foi o tema de uma das oficinas realizadas com os usuários do Núcleo de Acolhimento Califórnia, durante o mês de janeiro. O reordenamento dos serviços para a população em situação de rua, migrantes e trecheiros tem buscado incentivar o sentido de pertencimento dos indivíduos que recebem o atendimento. O Núcleo de Acolhimento Califórnia, casa de passagem para adultos em situação de rua, migrantes e trecheiros, é mantido pela Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), em parceria com o Centro Social de Assistência e Cultura São José (Cesac).

“Essas oficinas nos incentivam a buscar autonomia e nos faz refletir sobre a importância de se ter uma boa conduta individual e coletiva, para que este espaço e tudo aquilo que recebemos nele nos ajude a olhar a vida de forma diferente, respeitando uns aos outros e resgatando objetivos adormecidos em nós”, disse I.S.S., 40 anos, um dos usuários do serviço e participante das oficinas.

“As oficinas e atividades realizadas por educadores sociais têm o objetivo de estimular e fomentar a interação entre os usuários, gerar um olhar consciente sobre atitudes, coletividade e despertar com temas sobre o mercado de trabalho, empregabilidade, planejamento pessoal, entre outros”, explica o coordenador do Núcleo, Carlos Borges.

J.F., 24 anos, é um dos migrantes que passaram pelo Núcleo de Acolhimento nos últimos dias. Há dois meses nas ruas devido ao rompimento de vínculos, é morador da cidade de Leme e veio a Piracicaba em busca de emprego. “Sou pizzaiolo e já trabalhei com pintura de autos. Tive problemas em casa e vim pra cá a fim de encontrar um trabalho e me estabelecer na cidade. Sou grato pelo atendimento do Núcleo, pois além de pernoitar tenho a possibilidade de aprender algo durante o dia, em vez de ficar vagando pelas ruas”, disse.

Borges afirma que em casos como o de J.F., os usuários têm a chance de buscar trabalho e também receber orientações sobre comportamento e responsabilidade para o emprego.

Outro caso de migrante é o de D.O.S, de 34 anos. Natural de São Pedro, está nas ruas há três meses e chegou em Piracicaba há poucos dias por vínculos familiares fragilizados. Mecânico de autos, busca uma oportunidade na cidade e considera o atendimento no Núcleo de Acolhimento necessário para aqueles que mais precisam. “Neste lugar temos a oportunidade de refletir sobre as situações e buscar mudança em nós. Às vezes chegamos aqui muito depressivos e o tratamento que recebemos, com orientações e cuidados na higiene e refeições diárias, nos ajudam bastante”, comenta.

O novo modelo, que teve início este ano, tem a proposta de resgatar a identidade dessa população, além de contribuir para que os assistidos saiam da situação em que se encontra nas ruas. O Núcleo de Acolhimento Califórnia oferece, além do pernoite, 24 horas de atendimento, atividades e oficinas, refeições, acompanhamento psicossocial, entre outras ações.

De acordo com a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Euclidia Fioravante, a ampliação no atendimento a migrantes, trecheiros e pessoas em situação de rua de Piracicaba em um mesmo local, tem a finalidade de identificar e trabalhar os indícios de comprometimento da qualidade de vida desses indivíduos. “Por meio de acompanhamento, a equipe psicossocial busca garantir a construção de práticas e condições que permitam melhorar a vida dessa população”, ressalta a secretária.